Li na
Revista Simples que as pessoas com 40 e poucos entram numa onda de resgate do passado e quer a todo custo manter as sensações dos momentos bem-vividos, aí começa a colecionar brinquedos, livros e objetos que tragam de volta essas lembranças, vai daí o grande sucesso dos Almanaques dos anos 70, 80 e por ai afora...
Chegando nessa casa dos 40, não precisei ir longe, foi só resolver limpar e organizar caixas de mudança que eu arrasto desde Ribeirão Preto e são muito engraçadas as coisas que vo
u encontrando, carteirinha do
Clube do Mickey, o
Snoopy em todas suas formas, mil programas de teatro e bilhetes de cinema e com o passar do tempo fui vendo o quanto minha paixão por informação foi ficando seletiva, eu guardava tudo relativo as artes, publicidade, história do mundo, sejam artigos de jornal, páginas de revistas arrancadas, até coleções completas de revistas e livros.
É mania, desde pequeno guardo papel e 20, 15, 10 anos depois estou remontando como o figurino foi se instalando na minha vida e nos meus desejos.
Começou com o cinema, primeiro na
Sessão da Tarde da Globo, num tempo onde eram reprisados sem descanso todos os clássicos da
Metro,
Colúmbia, todos os musicais que amo, os romances, dramas, daí pra Revista SET, foi um pulo e dá-lhe colecionar fotos e trilhas, até a Abril lançar Astros e Estrelas e mais uma coleção se formando, momento "Turning Point" me mudei prá São Paulo e meu primeiro trabalho é numa agência que me leva a um jornal que me faz cair numa revista...
Vogue, o ano era 91 e minha vida se dividiu entre o Departamento de Arte da Vogue e a Ofi
cina de Cenografia e Figurino no
CPT do Antunes.
Acho que foi ali que tudo começou a fazer sentido, fora ver os grandes grupos nas turnês por Ribeirão, ai vai meu crédito para o
Boi Voador e seu "
Corpo de Baile", inesquecível...
Era a mais pura moda e seu universo, misturado ao melhor do teatro na época e eu não tinha mais salvação... na Vogue tomei contato com o que havia de mais moderno e luxuoso no mundo da moda e do design, conheci o mercado do luxo e era difícil sintonizar este universo ao mundo da experimentação do teatro, onde passavamos horas fazendo flores em tecido ou montando maquetes e fazendo máscaras, mas como a curiosidade era muita, me enfiei cada vez mais no mundo da moda e anos mais tarde aprendi a extrair dele muito do que uso nos meus figurinos, detalhes de efeito, cortes impensáveis prá alguns períodos e firmar algumas paixões.
Uma delas é o trabalho de
Conrado Segreto de quem guardo referências até hoje, Conr
ado, além de estilista era figurinista de mão cheia, por conta dele conheci
Christian Dior, Christian Lacroix, Yves Saint Laurent entre outros que aprendi a reconhecer numa manga, num decote, na combinação de cor e o efeito que tudo isso é capaz de causar. O efeito conseguido com a mistura de materiais, a importância do conhecimento de tecidos na execução de um traje de noite ou figurino, resolvi estudar moda para executar melhor figurino e assim fui imprimindo no meu trabalho de figurino muita coisa vinda da moda.
Conrado merece um post só dele depois...