sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Passado a limpo...








Li na Revista Simples que as pessoas com 40 e poucos entram numa onda de resgate do passado e quer a todo custo manter as sensações dos momentos bem-vividos, aí começa a colecionar brinquedos, livros e objetos que tragam de volta essas lembranças, vai daí o grande sucesso dos Almanaques dos anos 70, 80 e por ai afora...
Chegando nessa casa dos 40, não precisei ir longe, foi só resolver limpar e organizar caixas de mudança que eu arrasto desde Ribeirão Preto e são muito engraçadas as coisas que vou encontrando, carteirinha do Clube do Mickey, o Snoopy em todas suas formas, mil programas de teatro e bilhetes de cinema e com o passar do tempo fui vendo o quanto minha paixão por informação foi ficando seletiva, eu guardava tudo relativo as artes, publicidade, história do mundo, sejam artigos de jornal, páginas de revistas arrancadas, até coleções completas de revistas e livros.
É mania, desde pequeno guardo papel e 20, 15, 10 anos depois estou remontando como o figurino foi se instalando na minha vida e nos meus desejos.
Começou com o cinema, primeiro na Sessão da Tarde da Globo, num tempo onde eram reprisados sem descanso todos os clássicos da Metro, Colúmbia, todos os musicais que amo, os romances, dramas, daí pra Revista SET, foi um pulo e dá-lhe colecionar fotos e trilhas, até a Abril lançar Astros e Estrelas e mais uma coleção se formando, momento "Turning Point" me mudei prá São Paulo e meu primeiro trabalho é numa agência que me leva a um jornal que me faz cair numa revista... Vogue, o ano era 91 e minha vida se dividiu entre o Departamento de Arte da Vogue e a Oficina de Cenografia e Figurino no CPT do Antunes.
Acho que foi ali que tudo começou a fazer sentido, fora ver os grandes grupos nas turnês por Ribeirão, ai vai meu crédito para o Boi Voador e seu "Corpo de Baile", inesquecível...
Era a mais pura moda e seu universo, misturado ao melhor do teatro na época e eu não tinha mais salvação... na Vogue tomei contato com o que havia de mais moderno e luxuoso no mundo da moda e do design, conheci o mercado do luxo e era difícil sintonizar este universo ao mundo da experimentação do teatro, onde passavamos horas fazendo flores em tecido ou montando maquetes e fazendo máscaras, mas como a curiosidade era muita, me enfiei cada vez mais no mundo da moda e anos mais tarde aprendi a extrair dele muito do que uso nos meus figurinos, detalhes de efeito, cortes impensáveis prá alguns períodos e firmar algumas paixões.
Uma delas é o trabalho de Conrado Segreto de quem guardo referências até hoje, Conrado, além de estilista era figurinista de mão cheia, por conta dele conheci Christian Dior, Christian Lacroix, Yves Saint Laurent entre outros que aprendi a reconhecer numa manga, num decote, na combinação de cor e o efeito que tudo isso é capaz de causar. O efeito conseguido com a mistura de materiais, a importância do conhecimento de tecidos na execução de um traje de noite ou figurino, resolvi estudar moda para executar melhor figurino e assim fui imprimindo no meu trabalho de figurino muita coisa vinda da moda.
Conrado merece um post só dele depois...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Dançando conforme a música...

Então chega o dia... Necessidade de tomar decisões; o que fazer com a faxina? e a briga com a Telefonica? e o relacionamento? e o prazo do trabalho? e a criatividade que não vêm prá solucionar aqueles personagens que ainda faltam no último trabalho? Muitas as questões... e minha solução é: Ver um musical!
Filme, clip, teatro, o formato pouco importa, a necessidade é escapar um pouco da realidade e nada melhor do que ver um musical e sonhar.
Sonhar com o luxo, o brilho, a música que traduz os sentimentos, que distorce a realidade com a única intenção de te fazer bem e esquecer por duas ou três horas tudo de mais sério e aflitivo na tua vida... e vc sonha, digo, eu sonho e morro de vontade de fazer ainda dignamente um figurino para musical.

Têm um universo que eu adoro que vai do luxo ao carnavalesco, onde o que importa é o impacto, é o efeito, é ouvir da coxia o "wow" quando entra a cantora num maravilhoso tubo em paetês (como em Chicago no solo da Roxie...) ou um coro todo em lamê, cartola e bengalas (como na Chorus Line) ou a simplicidade do figurino que ajuda o cantor a passar o que vai na alma do personagem (Mr. Celophane em Chicago também), quando entendo a piada ou sinto o que vai na alma do personagem está feita a comunicação e o figurino cumpriu sua meta, disse ao que veio ao público e serviu a interpretação do ator/cantor. Tenho figurinos memoráveis na cabeça, inveja branca de alguns que eu dava um braço prá ter feito e outros que preferia nunca ter visto (desses esqueço fácil).


Ultimamente amo um clip que me acaba com o mal humor nos primeiros acordes, é do musical mais politicamente incorreto já visto, mas este clip têm uma colagem de trechos de filmes musicais que fizeram e fazem a gente sonhar até hoje, a diversão é tentar nomear todos. A música é do musical Jerry Springer The Opera, e consegue enfiar no mesmo saco, KKK, judeus, gays, deus e o diabo... adoraria ver a versão completa, no YouTube têm vários trechos e algumas músicas já se tornaram clássicos como esta "Just wanna fucking dance". Outra que me emociona vêm do musical escrito por Boy George Taboo sobre garoto do interior de Londres que cai na cena noturna nos Anos 80 quando absolutamente tudo e todas as personalidades interessantes na época eram "importados" de Londres onde ele faz todas as descobertas, sex, drugs and new romantic. Enjoy!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Preparando terreno...

Então.... chegando!
Fazendo deste espaço meu atelier virtual, onde jogo para o universo da net, minhas idéias, desejos e vontades de execução de trabalho, não só de trabalho.
Quero falar de imagens que vêm me formando como figurinista e como ser humano, coisas e gentes que me emocionam, me fazem rir ou chorar por serem extremamente belas ou não...
Começo falando da emoção ao ver um documentário com trechos de ficção sobre a vida e morte de Carmem Miranda, narrado pela autora/diretora Helena Solberg que nos conta sua relação com o mito, passou no Canal Brasil, Carmen Miranda: Bananas is My Business de 1995, com Eric Barreto criando momentos lindos em trechos da vida de Carmen de que não se têm documentação ou são devaneios da autora, como a aparição num monte em Portugal tal qual a Virgem de Fátima...
Muita poesia descrevendo a vida desse mito lusobrasileiro que tão cedo nos deixou, lembrei de imediato da febre de Carmen, pela Bienal, neste último SPFW, a exposição fraquinha com bem pequena parte do acervo do Museu Carmen Miranda do Rio, as releituras engraçadas em produções de fotos com gente do mundinho fashion, amei Camila Pitanga com o bocão estourando nos janelões do prédio, enfim, vamos viver um ano de lembranças de Carmen, que sejam bem-vindas, sempre!